Com base nos princípios do Desenho Universal
e da Lei nª 10.098/00, toda escola deve promover ambiente acessível, eliminando
as barreiras arquitetônicas e adequando os espaços que atendam à diversidade
humana. Recentemente também foi promulgado o Decreto nª 5.296:2004 que
“estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras
providências”. Esse Decreto estipula um prazo de 30 meses, para que os lugares públicos
organizem seus espaços de forma a torná-los acessíveis.
Contamos com a ação fiscalizadora dos Ministérios
Públicos Estaduais para garantir o direito de acessibilidade espacial para as
pessoas com deficiência.
Sabemos que os prédios escolares não apresentam
acessibilidade espacial e há uma grande dificuldade de arquitetos e engenheiros
entenderam esse direito. É preciso fazer uso da legislação para que de fato
nossos ambientes escolares se transformem em ambientes acessíveis e
conseqüentemente acolhedores. Paralelamente ao seu ingresso pode-se observar a
falta de acessibilidade espacial na quase absoluta maioria dos edifícios
escolares que foram construídos sem considerar as necessidades das pessoas com
deficiência. Se nosso objetivo é a participação efetiva de alunos com
deficiência nas atividades escolares, faz se necessário um ambiente adequado
para garantir essa participação. A acessibilidade arquitetônica se faz mediante
uma análise das condições do ambiente, numa parceria constante entre
profissionais da educação e profissionais da arquitetura e engenharia dentro de
uma perspectiva ampla de inclusão. É preciso verificar as necessidades
específicas oriundas de cada tipo de dificuldade: motora, sensorial, de comunicação,
cognitiva ou múltipla.
Atendimento Educacional Especializado
para Alunos com Deficiência Física
Segundo Dischinger e Machado (2006,
p....):
“Acessibilidade espacial significa
poder chegar a algum lugar com conforto e independência, entender a organização
e as relações espaciais que este lugar estabelece, e participar das atividades
que ali ocorrem fazendo uso dos equipamentos disponíveis. Para um aluno ir até
sua escola, situada no centro da cidade, é possível chegar através de automóvel,
de ônibus ou a pé. No caso de um cadeirante, o percurso deve ser acessível (com
rampas nos passeios e na entrada do edifício, dimensões adequadas, travessias
seguras, etc.). Ao entrar na escola deve ser possível identificar o caminho a seguir
de acordo com a atividade desejada através da configuração espacial e/ou da
informação adicional (por exemplo, utilizando a rampa para ir à biblioteca no
segundo andar). Um aluno com deficiência visual deveria poder obter informação
através de mapas táteis e em braile para encontrar sua rota com independência.
Finalmente ao chegar na biblioteca deve ser possível a todos alunos alcançar
seus livros e poder ler e estudar em condições de conforto e segurança. Enfim,
prover acessibilidade espacial é, sobretudo,
oferecer alternativas de acesso e uso a todas as pessoas, garantindo seu
direito de ir e vir, sua condição de cidadania.”
A acessibilidade depende das condições
ambientais de acesso à informação, das possibilidades de locomoção e de uso de
atividades que permitam aos indivíduos participar da sociedade e estabelecer relações
com as demais pessoas.
Recorrendo a Dischinger et al (2004)
os projetos arquitetônicos acessíveis podem se valer dos cinco princípios do
Desenho Universal que muito colaboram para a inclusão escolar. São eles:
1…. Direito à eqüidade, participação:
“Todos os ambientes devem ser
desenhados de forma a não segregar ou excluir pessoas, promovendo a
socialização e a integração entre indivíduos com diferentes condições físicas,
mentais e sensoriais. Desta forma, ambientes e equipamentos adaptados não devem
ser isolados dos demais espaços, possibilitando o uso independente, na medida
do possível, por indivíduos com habilidades e restrições diferentes.”(DISCHINGER
et al, 2004, pág. 157)
2…. Direito à independência:
“Todos os espaços físicos – pátios, caminhos,
salas, etc... e seus componentes – brinquedos, pisos, rampas, carteiras, etc...
– devem permitir o desempenho de atividades de forma independente por todos os
usuários. No caso de indivíduos com restrições deve-se prover as condições para
sua independência. Na impossibilidade da realização de atividades de forma independente,
o indivíduo tem direito a um acompanhante.” (Ibid, pág. 158)
3…. Direito à tecnologia assistiva:
“Todos os alunos portadores de necessidades
especiais têm direito à utilização de equipamentos, instrumentos, recursos e
material técnico-pedagógico adaptados de uso individual ou coletivo necessários
para o desempenho das atividades escolares. Incluem-se nesta categoria as salas
de recurso, computadores com programas especiais, material em braile, etc.”
(Ibid, pag. 159)
4…. Direito ao conforto e segurança:
“Todos os ambientes e equipamentos
devem possibilitar seu uso e a realização de atividades com conforto e segurança,
de acordo com as necessidades especiais de cada indivíduo. O desenho deve
minimizar o cansaço, reduzir o esforço físico, evitar riscos à saúde e acidentes
dos usuários.” (Ibid, pág. 160)
5…. Direito à Informação Espacial
“Deve estar prevista a possibilidade de
acesso à informação espacial necessária para a compreensão, orientação e uso
dos espaços a todos os alunos, independentemente de suas habilidades. A
informação espacial é fornecida através das qualidades dos elementos
arquitetônicos ou adicionais (mapas, totens, sinalização sonora...) que permitem
a compreensão da identidade dos objetos no espaço. No caso de alunos portadores
de deficiência sensorial (surdos,cegos e com baixa visão) fontes alternativas de
informação deverão estar disponíveis quando necessárias.” (Ibid, pág. 161)
Os princípios permitirão aos
profissionais da educação e aos profissionais da engenharia e da arquitetura a
compreensão de conceitos de acessibilidade relacionados ao espaço físico. Eles podem
orientar o desenvolvimento de projetos arquitetônicos de redes de ensino, de
forma que seus espaços escolares sejam verdadeiramente inclusivos.
Não existem modelos de adequações
físicas, mas por meio dos princípios do Desenho Universal, a comunidade escolar
e os engenheiros, os arquitetos e os técnicos podem realizar projetos escolares
de forma a garantir a permanência dos alunos na rede regular de ensino.
Os ambientes acessíveis não promovem apenas
o bem-estar para as pessoas com deficiência, mas também contemplam e atendem
toda a gama de diferenças humanas.
O estudo de uma escola para ser
acessível pode ser acompanhado pelos professores especializados e pelos
diretores escolares que conhecem a necessidade dos alunos com deficiência que
freqüentam a escola. É preciso adequar os espaços das escolas já construídas e
orientar os novos projetos escolares com base em desenhos acessíveis.
No campo da engenharia e da
arquitetura ainda existe muita desinformação referente à acessibilidade
arquitetônica e às leis que garantem a acessibilidade arquitetônica. Há a
necessidade de promover formação continuada para os profissionais da engenharia
e da arquitetura, visando ao conhecimento do desenho universal e à
conscientização de que escolas acessíveis são um direito garantido por lei.
Rampas e banheiros adaptados não são suficientes
para que os princípios do desenho universal sejam consolidados. Assim sendo,
para ir além da exigência das normas técnicas e atender às necessidades de
alunos com diferentes tipos de deficiência, é imprescindível o estudo detalhado
das necessidades do ambiente escolar.
Para finalizar, lembramos mais uma vez
que acessibilidade arquitetônica é um direito garantido por lei, absolutamente
fundamental para que as crianças e jovens com deficiência possam acessar todos
os espaços de sua escola e participar de todas atividades escolares com
segurança, conforto e a maior independência possível, de acordo com suas habilidades
e limitações.
Rosângela Machado
BRASIL.
Ministério da Educação. SEESP. Acessibilidade arquitetônica. In: BRASIL. Ministério da Educação Atendimento
educacional especializado: deficiência física. Brasília: MEC/SEESP,2007 (p. 105
a 108).
Belo artigo!
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