domingo, 20 de setembro de 2009

O enterrado vivo (Carlos Drummond de Andrade)


É sempre no passado aquele orgasmo,é sempre no presente aquele duplo,é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.É sempre no meu tédio aquele aceno.É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.Sempre na minha firma a antiga fúria.Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.É sempre nos meus lábios a estampilha.É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.Sempre dentro de mim meu inimigo.E sempre no meu sempre a mesma ausência.

Um comentário: